domingo, 31 de agosto de 2008

não falo do amor romântico, aquelas paixões meladas de tristeza e sofrimento. relações de dependência e submissão, paixões tristes. algumas pessoas confundem isso com amor. chamam de amor esse querer escravo, e pensam que o amor é alguma coisa que pode ser definida, explicada, entendida, julgada. pensam que o amor já estava pronto, formatado, inteiro, antes de ser experimentado. mas é exatamente o oposto, para mim que o amor se manifesta. a virtude do amor é sua capacidade potencial de ser construído, inventado, modificado. o amor está em movimento eterno, em velocidade infinita. o amor é um móbile. como fotografá-lo? como percebe-lo? como se deixar sê-lo? e como impedir que a imagem sedentária e cansada do amor não nos domine? minha resposta? o amor é desconhecido. mesmo depois de uma vida inteira de amores, o amor será sempre um desconhecido. a força luminosa que ao mesmo tempo cega e nos dá uma nova visão. a imagem que eu tenho do amor é a de um ser em mutação. o amor quer ser interferido, quer ser violado, quer ser transformado a cada instante. a vida do amor depende dessa interferência. a morte do amor é quando, diante do seu labirinto, decidimos caminhar em linha reta ele nos oferece seus oceanos e mares revoltos e profundos e nós preferimos o leito de um rio, com início, meio e fim. não. não podemos subestimar o amor. não podemos castrá-lo. o amor não é orgânico. não é meu coração que sente o amor. é minha alma que o saboreia. não é no meu sangue que ele ferve. o amor faz sua fogueira dionisíaca no meu espírito. sua força se mistura com a minha, e nossas pequenas fagulhas ecoam pelo céu como se fossem novas estrelas recém-nascidas. o amor brilha. como uma aurora colorida e misteriosa. como um crepúsculo inundado de beleza e despedida. o amor grita seu silêncio e nos dá a sua música. nós dançamos sua felicidade em delírio porque somos alimento preferido do amor. se estivemos também a devorá-lo. o amor, eu não conheço. e é exatamente por isso que o desejo e me jogo do seu abismo. me aventurando ao seu encontro. a vida só existe quando o amor navega. morrer de amor é a substância de que a vida é feita. ou melhor, só se vive no amor. e a língua do amor é a língua que eu falo e escuto. (moska)

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